Se
o Amor resolvesse de mim todas as assimetrias,
E
limasse todos os cantos pelos quais ainda tenho que contornar,
Pensaria
e se pensaria!
Nas
formas belas de me encontrar,
Onde
o sangue fervesse com cada respirar,
Pulsando
de mim a paz que tento encontrar…
Ah
se a paz reinasse neste mundo como a tirania,
Não
teria o que chorar!
Não
haveriam lágrimas que preenchessem esse vazio,
Que
os meus olhos como gomos insistem em albergar…
Por
este mundo que me está sempre a maltratar.
E
se os meus olhos desta alma que carrego,
Vertessem
do seu olhar a cor!
Pintaria
um arco-íris por cada dor,
E
espalharia em cada um essa mesma felicidade,
Que
não encontro e que não tem capacidade…
Se
o Amor existisse para mim,
Não
em tons rosa ou jardins de jasmim,
Mas
como a arma que acalmaria o pânico dessa solidão,
Que
caia o meu sangue tom de carmim,
Acalmando
a sua impulsão.
E
se os olhos fossem mesmo o espelho da alma,
Poderia
reconhecer em mim o meu olhar,
Poderia
conhecer de mim a alma que anda a vaguear,
Com
este corpo que tanto chora,
Que
tanto pede por esse sentimento de amar.
Marlene
Carneiro
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