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quarta-feira, 20 de abril de 2011

Foram cruéis os teus olhos


São cruéis os teus olhos,
Que me olham com pudor...
Que me fazem uma vénia incrédula de horror,
Que alcançam a minha carcaça e para ela transmitem dor,
Que me arrancam a alma do meu corpo, já morto e já sem cor...

São cruéis os teus olhos,
Que outrora me abraçavam e aconchegavam docemente,
Como me olhavam zelosos... Não de costas mas de frente,
E me pediam um carinho amigo, um sentir quente,
Que me fizeram pedidos floris de uma primavera contente.

Foram cruéis os teus olhos,
Que me entristeciam com a raiva que me lançavam,
Nas horas de paz, nos tempos de calma que esmiuçavam,
Que me agrediam com palavras... Que me violentavam,
Que não tinham génio e que já não lá estavam...

Foram cruéis os teus olhos,
De uma forma ultrapassada e até fantasiada,
Os quais que fecharam a minha estrada,
Impediram a minha passagem, mataram o meu lar de fada,
Que me colocaram trancada numa caixa enfeitiçada.

Já não são cruéis os teus olhos,
Pois neles já não encontro vida,
Partiste sem uma conversa, sem uma despedida,
Deixaste uma dúvida perdida...
Se teria sido algum dia tua menina querida?
Ghost

1 comentário:

  1. Ghost,
    um escrito repleto de dor, desilusão, raiva e despedida.
    Agora percebe que esses olhos só a enganavam, que esses olhos eram de duas facetas, que esses olhos a inferiorizavam, a subestimavam... Era debaixo desse olhar que a sua silhueta se debruçava como sendo escrava do mesmo. Era escrava daquele ser que amava mas, que este não a merecia.
    Deixa-me muito feliz que esses olhos já nada sejam. Porém... deixaram-lhe uma dúvida... mas, do que isso importa? Liberte-se, não deixe que esta escoe e a corroa.

    Abraço,
    Rute.

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